terça-feira, março 23, 2010



A FLOR DE MARACUJÁ
                              (folclore brasileiro)
Pois entonce seu moço, eu lhe conto a história
Que eu vi contá, porque razão nasce roxa
A frô de maracujá.
Maracujá já foi branco, eu posso inté jurá!
Mais branco do que a coiada,
Mais branco do que o luá!
Quando as frô brotava nele,
Lá pelas bandas do sertão,
Maracujá parecia, um ninho de argodão.
Mais um dia, há muito tempo,
Num meis intè que não me lembro,
Se foi maio, se foi junho, se foi janeiro ou dezembro,
 Nosso Senhô Jesuis Cristo foi condenado a morre
Numa cruz crucificado. Longe daqui como quê
E havia junto da cruz, aos pés do Nosso Senhô
Um pé de maracujá carregadinho de frô.
Pregaram Cristo a martelo,
E ao ver tamanha dureza, a natureza inteirinha
Pôs-se a chora de tristeza.
Chorava as foia nos campos,
Chorava as foia, as ribeiras,
Sabiá tombém chorava nos gaio de laranjeira.
E a lua lá na ampridão havéra gente de vê-la
Com seus zóios de neve
Chorando em pranto de estrelas,
E o sangue de Jesuis Cristo
Sangue pisado de dor,
Nos pés de maracujá tingia todas as frô.
Foi por isso , seu moço,
Que as frozinhas aos pés da cruz,
Ficaram roxa também, como o sangue de Jesuis.
Pos entonce, seu moço,
Foi ansim que eu vi contá
Porque razão nasce roxa
As frô de maracujá.



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