EXCESSO DE ATIVIDADES PARA CRIANÇAS
Quando o assunto é uma boa colocação no mercado de trabalho, só se fala na necessidade enorme de qualificação por parte de quem concorre a uma vaga. Essa necessidade de "saber tudo" faz com que os pais queiram preparar os filhos cada vez mais cedo.
Com isso, muitos resolvem preencher as agendas dos seus filhos com atividades extracurriculares. Além de ir à escola, que em alguns casos é em período integral, as crianças e adolescentes têm de se desdobrar para dar conta de compromissos extras, cuja escolha geralmente é feita pelos pais. De acordo com a presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia, Quézia Bombonatto, em muitos casos, este excesso de compromissos pode ser também resultado da falta de tempo dos pais para se dedicar aos filhos. "Desta forma, uma agenda lotada dá aos pais a falsa ilusão de controle e proteção da ausência de suas figuras na rotina de seus filhos, e que estes não ficarão expostos aos "perigos" da ociosidade".
As atividades extraescolares têm uma grande importância na formação da criança e do jovem, pois reforçam a aprendizagem. "O problema não está em ter ou não tais atividades, mas a questão se refere aos objetivos subjacentes às escolhas das mesmas. A meta é potencializar talentos? Proporcionar atividades lúdicas à criança? Deixar mais tempo livre para os pais? Aplacar a culpa da ausência destes na educação de seu filho? Ou promover o desenvolvimento desta criança ou adolescente oferecendo-lhe um mundo de estímulos diferentes dos que recebe no ambiente escolar, para que possa ampliar a sua imagem sociocultural?"
Ela explica que fazer as tais atividades é importante para que a criança aprenda a dar conta de compromissos e obrigações, já que assim aprende a trabalhar a capacidade de administrar tempo, priorizar escolhas e lidar com diferentes situações e grupos. Isso faz com que ela se torne uma pessoa com flexível, sociável e disciplinada.
"No entanto, os pais devem respeitar o limite dos filhos, caso contrário, a atividade pode tornar-se um verdadeiro tormento para a criança, deixando de cumprir um dos seus principais objetivos que é dar continuidade ao desenvolvimento de determinados talentos e capacidades. As atividades extracurriculares cumprem seus papéis na rotina das crianças e dos jovens, desde que praticadas com critério e tenham em atenção à idade, o gosto, interesses e características da sua personalidade."
Ela alerta que o excesso de tarefas extracurriculares pode provocar problemas como: ansiedade, estresse, agressividade, desânimo, irritação, distúrbios alimentares, falta de concentração, distúrbios do sono, baixo desempenho acadêmico e outros sintomas de distúrbios no sono, como insônia ou sonolência.
Quézia conclui dizendo que é preciso ter cautela para saber dosar as atividades extracurriculares dos filhos na medida saudável. Para as crianças mais novas é indispensável existirem momentos sem nada marcado na agenda, uma vez que elas precisam de tempo para si próprias, tempo para fazerem as suas próprias descobertas, distantes da intencionalidade do adulto. "Assim, a qualidade da informação não pode ser sobreposta à turbulência da quantidade."
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